Se eu pudesse medir o amor,
o mediria com o tempo que passei
com cada pessoa que amo e amei.
Se eu pudesse colocar o amor numa régua,
o mediria com cada risada dada,
com cada gargalhada solta,
com cada palavra sorrida,
com a medida de cada alegria vivida.
Se o amor pudesse ser medido,
o mediria em cada verso
que já foi ou deixou de ser escrito;
com cada letra, mesmo a não poética,
que pronunciei ao longo dos meus dias.
Se o amor coubesse numa fita métrica,
certamente, eu o mediria
do primeiro choro até
a última gota derramada hoje cedo.
O faria caber na dor, no luto,
no abandono e na tristeza,
assim ele traria luz aos dias escuros.
Se o amor fosse medível,
ele caberia nas minhas mãos em conchas
como quem segura a chuva;
ele caberia nas velas que apagarei
no próximo aniversário;
ele seria contado fio a fio,
grão a grão, gota a gota,
até que eu saiba exatamente
quanto amor pode caber num abraço.
Se o amor pudesse ser medido,
ele teria o tamanho e a cor
das horas, dos dias, dos anos que vivi.
Fui tentar medir o amor,
mas foi ele quem mediu a mim.